Agora é provado pela ciência, a técnica mais utilizada no Parkour, o amortecimento na ‘pontinha do pé’, é de longe mais eficiente do que tudo o que se encontrava na literatura até hoje.
Devido a jovial idade do Parkour (pouco mais de 15 anos que foi apresentado para o mundo), tudo que fazemos hoje é muito empírico, ou seja, foi aprendido e ensinado na base da tentativa e erro. Foram criações, adaptações e readaptações até chegar onde estamos, e não tenho dúvidas que o parkour ainda muda todos os dias. Apenas nos últimos anos que começaram a ser feitos estudos sérios sobre o parkour, com base científica, cálculos, uso da tecnologia e supervisão de gente muito bem estudada. E isso só agrega ao nosso esporte.
A última novidade é essa: Damien L. Puddle e Peter S. Maulder, da School of Sport and Exercise Science, da Nova Zelândia, realizaram o estudo Ground Reaction Forces and Loading Rates Associated with Parkour and Traditional Drop Landing Techniques. Que basicamente compara o efeito do impacto de saltos realizados com a técnica tradicional de amortecimento, a técnica do amortecimento do salto de precisão do parkour e do amortecimento seguido de rolamento.
O resultado, felizmente, é o que todos nós esperavamos. A técnica do Parkour é muito mais eficaz do que a tradicional técnica de amortecimento utilizada em outros esportes. Pra facilitar, da uma olhada nas tabelas e, lá em baixo, no link para o estudo completo.
Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui: https://www.jssm.org/vol12/n1/17/v12n1-17pdf.pdf
Para nós do GAP, o mais importante é ter a certeza de que tudo isso que praticamos e ensinamos é a forma correta. E melhor ainda, como citado na conclusão do estudo, apesar de ser uma técnica específica do Parkour, ela pode ser utilizada por não atletas e praticantes de outros esportes, melhorando a absorção de impacto seja em seus treinos ou na vida cotidiana.
Então, fica a dica, quando ver alguém amortecendo com os calcanhares, ensine a técnica correta! 😉
poxa que massa ,e parabéns a vcs do GAP por passar essas informações para todos ….PK vida até 40 anos e mais !!!!
Bacana! Parabéns pro pessoal do GAP por divulgar este artigo fresquinho. É sempre uma questão importante saber técnicas de aterrissagem nos esportes que envolvem salto, partindo de uma simples corrida, passando pela dança até os saltos longos. Porque conjectura-se que as fraturas por estresse por salto estão relacionadas ao impacto que ocorre durante a aterrissagem (pode chegar a 15x no caso dos saltos duplos de costas), e à repetição desse impacto. Especialmente no parkour, os saltos variam muito: de altura, parados ou com deslocamento horizontal, com desafios de precisão, com liberdade de usar técnicas variadas, que vão desde distribuir o peso dos pés com as mãos até o rolamento.
Enfim, para não estender muito o que eu quero comentar sobre o artigo e também sobre a conclusão tirada deste por nossos colegas, vou ‘tentar’ resumir.
Sobre o artigo, pensemos. O que foi analisado no estudo foi a força de reação de solo, e não a carga de força interna. Isto é, uma coisa é o impacto registrado numa placa de força, a outra é a sobrecarga das estruturas articulares. Aterrissar na ‘pontinha do pé’ reduz a área de contato com o solo (aterrissamos a ‘meio-pé’), diminuindo a quantidade de massa do corpo que é envolvida na colisão inicial. Isto pode até reduzir a força vertical (força de reação ao solo) e aumentar a curva de tempo da força de reação, como registrado no estudo, porque a extremidade inferior quando usa a ponta do pé age como uma ‘mola amortecedora’. Mas esta técnica pode sobrecarregar uma área específica, o arco plantar (a parte interna da sola do pé).
Outra questão que eu vou me privar de fazer maiores comentários: vejam a altura que utilizaram no experimento. Um metro? E se fossem dois metros? A velocidade no toque ao solo é maior durante alturas mais altas. Isso não aumentaria ainda mais a sobrecarga no pé?
Uma coisa importante de dizer é que, antes de tudo, temos que ter todo o cuidado para não aterrissar com o calcanhar diretamente. Na verdade, até para se aterrissar com os calcanhares é importante sugerir que se use primeiro a ponta do pé, inclusive na corrida. Só por medidas de precaução, acho precipitado dizer que “quando vir alguém amortecendo com os calcanhares, ensine a técnica correta”. Em alguns casos pode ser importante acomodar os calcanhares para distribuir a tensão sobre outras partes do corpo, para que ela não fique exagerada no arco plantar. Que casos são esses? Alturas maiores e pessoas iniciantes e com fraqueza nos músculos flexores do tornozelo.
Outro ponto. Existem evidências de que “praticar a aterrissagem tão suave quanto possível” (usando o barulho como feedback, por exemplo, ou o o feedback sensório-plantar), reduz as forças verticais máximas de reação ao solo em 50-63% (para consulta, ver: SIMPSON, K.J., CIAPPONI, T., WANG, H. Biomecânica da aterrissagem. In: A Ciência do Exercício e dos Esportes / Garrett Jr e Kirkendall). Beleza, então, esta técnica é treinável. Mas… vejam só! Os voluntários da pesquisa eram todos praticantes de parkour há pelo menos dois anos. Isso nos faz pensar o quê? Cenas do próximo artigo… rs
Só atiçando a discussão, galera. Ciência é assim mesmo. E como disse meu camarada aí do GAP, apenas agora estão começando a fazer estudos sérios sobre parkour.
Abraço galera do GAP!
J.R.
J.R. Muito bom seu comentário. Vou fazer algumas considerações, mais como uma troca de informação e opiniões mesmo.
Com relação ao que foi analisado, a força exercida contra a plataforma é um entre outros possíveis modos de avaliar o impacto, não acho que perca a validade. Até porque, com certeza existem diversas variáveis para ser levadas em conta, mas não deixa de ser um indicador.
Essa ação de “mola amortecedora” que você citou, provavelmente é o que ocasiona a redução de impacto com o solo. Concordo que pode haver uma maior sobrecarga articular no tornozelo, porém, como nossas articulações trabalham com transição de força, é possível que ao não forçar a articulação do tornozelo, essa força do impacto gere uma sobrecarga maior em outras articulações como quadril, joelho, coluna.
Obviamente que quanto maior a altura, por conta da aceleração da gravidade, maior será a força do impacto. Acho válido um estudo com uma metragem maior. Mas não acredito que o fato de ter existido diferença significativa a 1 metro, anularia a eficiencia avaliada no estudo.
Na imagem da para ver também que o amortecimento tradicional não foi realizado diretamente com o calcanhar. E ao contrário do seu comentário, ainda é muito presente a idéia de amortecer diretamente (na corrida, atletismo e GA, por exemplo). Não encontrei essa referência que você citou e me intressei muito, poderia mandar por e-mail mais sobre ela? cassio@aulasdeparkour.com.br
Agora, seria legal avaliar iniciantes e nao praticantes utilizando a tecnica de amortecimento usada no parkour. Muitos proximos estudos podem ser feitos! hahaha ainda bem!
Abraços