História talvez conhecida de muitos: utopia é como a linha do horizonte, talvez você nunca alcance, mas cada passo que você dá em sua direção, se não te deixa mais próximo, te faz não ficar parado.
Vejo uma quantidade de pessoas que encontram uma grande dificuldade em dar um passo a mais. Quando estou nas aulas de Parkour, me pergunto diariamente se meu treino está adequado, se estou conseguindo agregar o máximo possível de pessoas. Porém, às vezes percebo que as pessoas não persistem.
Parece que existe um medo de tentar ir mais longe. Logo no primeiro treino, na primeira experiência com o Parkour, as pessoas se sentem ameaçadas, ficam com medo de tentar. Foram inúmeras as vezes que ouvi “não professor, isso é impossível, eu não consigo!”, e depois de uma ÚNICA e primeira tentativa, conseguir acertar o movimento.
Refletindo sobre isso, comecei a questionar até que ponto eu, e todos nós, não deixamos de conhecer e experimentar tantas outras coisas por medo, por insegurança, por desistir antes mesmo de tentar. Não digo isso somente nos treinos, mas talvez nosso comportamento em uma atividade, mostre um pouco sobre nós em todos os aspectos da nossa vida.
Quando vejo isso, nasce uma vontade imensa de insistir que tente, que erre, que caia se for necessário. Parece que cada vez mais nós fugimos das frustrações, aquilo que achamos que não faremos perfeitamente, nós fugimos, desistimos. A vontade é falar “Tente! Pelo menos tente, erre se for necessário, mas não vá embora sem saber que você realmente pode! Não vá embora sem antes dar um passo a mais!”.
Recentemente tive o prazer de conhecer o primeiro brasileiro que correu a Maratona da Antártida e Maratona do Polo Norte (http://globotv.globo.com/rede-globo/esporte-espetacular/v/folego-maximo-os-desafios-da-maratona-mais-fria-do-mundo-no-polo-norte/2583533/). Por incrível que pareça, o Marcelo Alves (https://www.facebook.com/pages/Marcelo-Alves/497396523649067) não é um atleta profissional. É um amante da corrida, que decidiu iniciar seus treinos depois de ver uma foto onde ele se achou barrigudo. É um “humano” normal, igual nós, com 40 anos de idade, que chegou aonde poucos chegaram.
Pergunto até que ponto poucos chegam por falta de talento, ou por falta de dar um passo a mais. O Marcelo com certeza não desistiu nas primeiras dificuldades. Ele aguentou, acordou cedo, mesmo com dor, mesmo com cansaço, mesmo com frio, e fez o que tinha que ser feito, porque era isso que ele queria, esse era o seu propósito.
Vejo muitas pessoas se lamentarem por não poderem treinar Parkour. Chegam animadas no primeiro treino, mas se frustram nas primeiras dificuldades. E o pior é que elas podem! Mas tem medo, desistem, não esperam, não resistem. O início, a mudança, sempre será difícil, sempre será desconfortável. Você, que é iniciante, precisa resistir, precisa dar um passo a mais. Tente ir até onde você conseguir, não até onde sua mente decidir que você não vai continuar.
Achei fantástico conhecer o Marcelo bem quando estava me preparando para escrever sobre isso. Segundo ele, no dia após a competição, os competidores tiveram praticamente o primeiro contato real, onde conseguiram conversar e se conhecer de verdade. E o que vocês acham que era o assunto do café da manhã? Após completarem uma das provas mais extremas do mundo, ninguém falava sobre ela. Os assuntos eram os próximos objetivos de cada um, abrir uma filial da empresa, casar, ter um filho, correr em outro lugar. Ninguém falava sobre o que já havia passado, eles estavam olhando lá na frente, no horizonte! Eles queriam dar um passo a mais, dois passos a mais, milhares de passos a mais.
Você que teve uma experiência com o Parkour, mas desistiu, volte, tente novamente! Mostre para sua mente que é você que manda, e descubra que você é capaz de fazer muito mais do que pensa. Se você ainda pretende iniciar, talvez tenha tido sorte de encontrar esse texto! Se prepare, não tenha medo, e experimente ao máximo.
Existe sim uma primeira barreira, mais difícil, mais dolorida, mais cansativa e um pouco assustadora talvez. Principalmente se você está saindo de uma vida sedentária. Porém, você consegue passar essa barreira, ela não dura para sempre, mas para isso, você precisa caminhar, precisa dar mais alguns passos.
O que moveu todos aqueles competidores a correr a -42°C foi um propósito, foi uma linha do horizonte que eles enxergavam lá na frente e tentavam alcançar. Eles, humanos comuns iguais a você, não desistiram, enfrentaram as dificuldades iniciais e mantiveram-se firmes para atingir seus objetivos. Todos eram vitoriosos por terem chego até lá, e só pensavam em próximos desafios.
Seja um vitorioso também, seja no Parkour, seja em outros esportes, seja no trabalho, seja na sua vida. Não desista nas primeiras dificuldades, encontre seu propósito e vá além, de mais um passo, o horizonte é logo ali.
“Somente grandes propósitos despertam grandes energias.” Nelson Mandela
Cassio Junior
“Foram inúmeras as vezes que ouvi “não professor, isso é impossível, eu não consigo!”, e depois de uma ÚNICA e primeira tentativa, conseguir acertar o movimento.”
Isso sem contar as vezes que ouvi que EU não era capaz disso ou que isso era loucura (superar o obstáculo).
Mais pessoas terão acesso a essas ideias, pode apostar.
Parabéns pelo texto Cassio!