Rolou com um amigo meu, e percebo que isso é comum no Parkour.

Todos nós sabemos que o Parkour pode ser treinado de forma consciente e segura. Porém o risco existe e mesmo que seu treino seja extremamente controlado, você pode lesionar.

O teu esforço deve ser sempre para evitar lesões de alto dano como: rupturas ligamentares, rupturas de tendões, fraturas. Isso é bem possível ser evitado talvez por toda a sua história no Parkour.

Porém, outras lesões mais comuns certamente vão aparecer. São elas: distensões (leves rupturas no tecido muscular), entorses (muito comum no tornozelo), canelite (inflamação no periósteo, membrana que reveste a tíbia), tendinites (inflamações nos tendões), entre outras.

Conheço dois tipos principais de pessoas:

  1. Treina mesmo machucado, só para quando dorme ou se amarrar.
  2. Não treina quando lesiona, deixa o corpo recuperar.

Qual você acha ideal?

Eu acredito que nenhum dos dois. Se você tiver qualquer tipo de lesão e consultar um médico que não tenha especialidade esportiva, muito provavelmente ele vai te mandar seguir a opção 2.

Porém, existe um meio termo nisso que poucas pessoas sabem ou aplicam. Se você tiver uma lesão simples, que não te incapacita, não tem sentido você parar completamente.

Um amigo sofreu um entorse e fraturou o pé meses atrás. Passou por todo o período de imobilização e fisioterapia. Foi para o treinamento de força, está agachando pesadão já, porém sente insegurança em voltar a treinar parkour. Como poderia ter evitado isso?

Meu conselho para ele desde o início foi: NÃO PARE COMPLETAMENTE.

Ah, então vou treinar machucado? Sim e não.

Aqui vai minha contribuição para você:

  • Busque entender teu corpo. Se eu tenho uma distensão, ela ocorreu em um músculo específico, que movimentos eu uso mais esse músculo? Como eu posso evitar usar ele? O que eu consigo fazer sem que force ele?
  • Aproveite períodos de lesão para trabalhar outras capacidades físicas que você não costuma dar atenção. Torci o tornozelo, não consigo saltar, porém nunca treinei parada de mão, então posso dar atenção a isso. Ou trabalhar flexibilidade, rolamentos, flows sem impacto, movimentação no solo…
  • Durante a recuperação não deixe a técnica de lado. Enquanto se recupera treinando mais físico, ainda assim coloque o máximo que conseguir de elementos técnicos nos seus treinos. Talvez esteja com o ombro machucado, porém consigo fazer agachamentos com salto de precisão, passadas,
  • Lembre que nosso corpo é físico e mental, você se distanciar completamente da técnica gera bloqueios que vão requerer trabalho e esforço para corrigir futuramente.
  • Aprenda a desacelerar. Se você tem um carro que chega a 220km/h, você não anda o tempo todo nessa velocidade. Por que fazer isso com teu corpo? Se você está em fase de recuperação, aprenda a dar menos que 100%. Assim você consegue ter contato com o parkour e fazer manutenção técnica.
  • Se conseguir, procure um médico e fisioterapeuta com especialidade esportiva. Eles têm uma visão clínica, conseguem ver o que nós não enxergamos e nos ajudar nesse processo.

Entre 1 a 2 semanas perdemos boa parte de nossa capacidade cardiorrespiratória (o famoso ‘gás’).

Entre 2 e 3 semanas temos reduções significativas nos níveis de força.

Sempre, durante a recuperação de lesões, mantenha o máximo de exercícios que consegue fazer num nível que não agrave a lesão. Isso impede o destreinamento, mantém teu hábito de treinar e deixa tua vida mais maneira.

Caso tenha alguma experiência com isso, comente para a inspirar e ensinar a galera também!

Texto: Cassio Dias de Andrade Junior