Parkour como uma linguagem. Movimento como uma nova forma de comunicação.

Nesse caminho que percorremos ensinando pessoas, temos o prazer de aprender muito também. Encontramos diversas histórias nessa trajetória, e uma delas, me chamou muita atenção. Vejo muitas pessoas iniciando no parkour, ou deixando de iniciar, por conta de suas dificuldades.

Dessa vez resolvi deixar minha voz um pouco de lado, e pedi para que um dos alunos mais dedicados e empenhados que temos, relatasse um pouco sobre seu início no Parkour. Com vocês, Rodolfo:

Chamo-me Rodolfo Cezar Rodrigues de Souza, sou surdo e me comunico com as LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais. Sou aluno da PUC e faço o curso de Engenharia de Produção, estou no segundo ano.

Anos atrás obtive conhecimento do Parkour através de filme, revistas e gibis, desde então fiquei interessado por este esporte e buscava mais informações, pois criou em mim uma vontade imensa de aprender e praticar esta atividade.

Cursando a faculdade na Universidade da PUC, vi no quadro de informações sobre aulas de parkour e fiquei feliz, logo entrei em contato e fui até a Praça 29 de Março. Procurei o instrutor Lucas no dia de sábado pela manhã, me apresentei e disse que eu era surdo e falei para ele que tinha interesse de participar das aulas e como faria a inscrição.

O instrutor Lucas foi muito atencioso comigo me explicou tudo pausadamente para que eu pudesse fazer leitura labial e também escrevia para facilitar a comunicação. Deu-me o endereço do site para eu ter mais informações.  E fiz a inscrição, pois ainda tinha vagas e senti uma grande felicidade.

Fui fazer a primeira aula de parkour na segunda-feira na mesma praça com um grupo de pessoas super interessadas e participativa. Meu interesse em aprender fazia com que eu tivesse o máximo de atenção, porque para mim tudo aquilo era novo. Aprendi algumas técnicas de segurança para poder desempenhar cada movimento certo evitando me lesionar. Aquecimentos, força, agilidade e equilíbrio. Saber correr e saltar obstáculos e aumentando as dificuldades. Escalar paredes baixas, médias e altas. Todos os alunos buscando ter um bom desempenho e levando a sério tudo que era passado pelo instrutor.

Eu como um aluno surdo não tive nenhum problema de interação com meus colegas. E alguns deles aprenderam um pouco de língua de sinais e com isso melhorava a nossa comunicação.

Contudo tenho como objetivo de melhorar o meu desempenho e cada vez mais me desenvolver e pra mim a cada aula é uma satisfação, pois  sinto-me bem, tranquilo. Minhas aulas são na Praça 29 de Março nos dias na semana e mais um dia na PUC.

Cassio Jr.